quinta-feira, 29 de julho de 2010

HUMANIZAR SEMPRE.


Humanização do parto e do nascimento
| 24.5.2003 | 03h25O nascimento deve ser visto como processo e não apenas como um simples evento que ocorre com a mulher. Sendo esse processo compreendido desde a pré-concepção até o puerpério, em que as pessoas que estão vivenciando influenciam e são influenciadas pelo contexto sociocultural.

O cuidado prestado à mulher/parturiente, ao longo dos anos, sofreu muitas modificações decorrentes dos avanços tecnológicos e do desenvolvimento da medicina fetal. Essas mudanças, por um lado, correspondem na melhoria das condições do parto, e por outro, na desumanização do nascimento. No passado, o parto acontecia no domicílio e era feito por parteiras, mulheres de confiança das gestantes e de reconhecida experiência na comunidade por seu saber empírico. Além dos cuidados físicos somava-se o apoio psicológico, através de palavras agradáveis e ações que as confortavam.

A participação dos médicos na obstetrícia iniciou, com o uso de fórceps, no final do século XVI, já no Brasil essa prática se deu após a Segunda Guerra Mundial, quando os médicos adquiriram novos conhecimentos e habilidades, ampliando, então, as possibilidades de intervenção durante o período do parto.

Com esses avanços, o parto se tornou, para algumas pessoas, um evento médico, esquecendo-se que esse acontecimento é essencialmente um símbolo de vida, cheio de surpresas, emoções e prazer, onde a parturiente deve ser agente ativa, retomando para si o ato de parir.

Atualmente, está-se ouvindo muito falar em humanização da assistência obstétrica, sendo realizados debates, cursos e também programas de educação e treinamento da mulher para o parto; no entanto, é preciso se saber o real significado da palavra humanizar, que para Ferreira (1986) significa 'tornar humano; tornar benévolo; afável; tratável; fazer adquirir hábitos sociais... Mas, para que isso aconteça é necessário acabar com a onipotência de um profissional; rever e mudar a forma de como se relacionar com a mulher/parturiente e a família, aprender a compartilhar conhecimentos e realizar um trabalho multiprofissional e interdisciplinar, respeitando as diferenças de crenças, socioculturais, religiosas de cada mulher, e entender que isso deve ser iniciado no pré-natal, para que elas se sintam acolhidas, e que sejam valorizadas suas queixas, medos e dúvidas. Sendo, então, este um momento primordial de fortalecimento do potencial da mulher para conduzir esse processo de forma natural, não esquecendo que existe, não apenas uma grávida, mas sim uma família inteira que precisa de atenção e orientação por parte da equipe de saúde.

A humanização do parto e nascimento passou a ser uma premissa para algumas instituições de saúde e para alguns profissionais, que passaram a ver a mulher/parturiente como sujeito principal na gestação, no parto, no puerpério e nos cuidados com o recém-nascido, excluindo rotinas obstétricas ineficazes e valorizando a mulher como condutora do parto, atendendo-a em todas das dimensões e valorizando os aspectos essenciais do ser humano.

A partir do momento que a mulher é internada na maternidade, ela passa a não ter mais controle da situação, tudo se torna imprevisível e não familiar, e é nesse momento que a equipe tem que se aproximar, valorizando a singularidade daquele momento, identificando-se e passando a interagir, dando atenção, orientação e estando junto, promovendo segurança e confiança e compartilhando aquele momento com a parturiente.

Existem profissionais que estão em busca de ações humanizadas e que vêem o parto como uma experiência fundamental, profunda e marcante na vida da mulher, e que, para que transcorra de uma maneira positiva para elas, estão deixando o modelo tradicional de atendimento e estão adotando uma nova filosofia, que estimula a participação do acompanhante durante os períodos clínicos do parto, desde a avaliação inicial da gestante até a alta hospitalar, que permite que a mulher escolha os tipos de parto normal (vertical ou horizontal), proporcionando um ambiente tranqüilo e confortável e que favoreçam a favoreça permanência contínua do recém-nascido junto à mãe, desde o momento da expulsão.

Humanizar a assistência implica, primeiramente, em humanizar os profissionais de saúde e para isso os cursos, palestras não adiantam, tem que ocorrer mudanças na atitude, na filosofia de vida, na percepção de si e de seus semelhantes como seres humanos, em que a informação, a decisão e a responsabilidade deverão ser compartilhadas entre o cliente e o profissional de saúde.

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