quinta-feira, 29 de julho de 2010

CESÁREA

O Brasil é considerado por muitos como o campeão mundial de realização de cesáreas.

Se fosse delegado o parto normal a outros profissionais como a enfermeira obstétrica certamente o índice de incidência de cesáreas seria outro.


Vivemos em uma época na qual a cesariana se tornou uma intervenção banal, realizada freqüentemente e por várias razões, não apenas por causa de uma urgência obstétrica, isto é, para salvar a vida da mãe ou da criança em sofrimento.

Muitos partos são antecipados e cesarianas são realizadas porque isso convém a todos que estão envolvidos no processo: hospital, equipe médica e mesmo à própria mulher grávida. Ao médico porque ele tem outras clientes esperando, à mulher, porque receia as contrações dolorosas que normalmente acompanham o trabalho de parto, pensando ser a cesárea a melhor solução.

Algumas futuras mamães estão absolutamente convencidas, como muitas outras pessoas, de que essa é a melhor maneira de "pôr uma criança no mundo".

Fica evidente que os valores da nossa sociedade influem na maneira de encarar o parto. Somos levados a encará-lo como um acontecimento restrito à área médica e, mesmo, um acontecimento cirúrgico. Vivemos numa sociedade de gente apressada, onde tudo deve passar e acontecer rapidamente, onde toda a dificuldade é regulamentada pela tecnologia e todos os problemas de saúde requerem uma solução medicamentosa ou cirúrgica.

Estaria o parto incluído nesse contexto?
Mas a complexidade de um acontecimento tão maravilhoso não se enquadra necessariamente dentro de intervenções de conveniência. Pode mesmo acontecer que esse acontecimento seja profundamente perturbado por essas intervenções.


Frederich Leboyer diz que a cesárea se justifica quando, após algum tempo de trabalho de parto, não há dilatação do colo nem insinuação do feto no estreito superior da pelve. É um mal menor, pelo qual, porém devemos demonstrar grande gratidão.

Rito de passagem

Podemos considerar a cesariana um rito de passagem frustrado.

Um parto confirma ou não na mulher a sua capacidade de colocar uma criança no mundo. É um rito que marca profundamente seu inconsciente. O primeiro parto é um rito de passagem para uma nova etapa de sua vida de mulher. A mulher que pensa ter "fracassado" ao sofrer uma cesariana pode se ressentir desse fracasso quando em conversa com outras que conseguiram ter um filho por via vaginal.

Outro fator negativo, para muitas mulheres, é que a cesariana coincide com uma primeira hospitalização, fonte de muito estresse e tensão.


As mulheres não se sentem bem com a cesariana, mas em muitas delas esse "mal" permanece no inconsciente. Elas não se dão conta de todo o processo.


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