quinta-feira, 29 de julho de 2010

CONVIDADOS.


7.1) OS CONVIDADOS

Dar à luz em casa dá o privilégio à mãe de convidar amigos e parentes, ou então, de preferir que o acontecimento se dê na mais estrita intimidade. Alguns pais escolhem partilhar este momento precioso com alguns entes queridos. Outros decidem dar à luz somente com a presença do médico ou da parteira, uma assistente e o marido. Não é o número de convidados que determina a atmosfera do ambiente, mas a atenção e a consciência de cada pessoa em relação ao nascimento. Às vezes, a atmosfera é bastante agradável e íntima embora muitas pessoas estejam presentes. Outras vezes, uma só pessoa é suficiente para estragar o circuito de energia.

Nos dias de hoje, a grande maioria dos adultos nunca assistiram um parto. Quando a gravidez estiver chegando ao fim, provavelmente muitos amigos, atraídos pela magia do nascimento, irão solicitar a você a possibilidade de presenciar o parto. Mas é preciso que você fique atenta, pois é preciso mais que uma simples atração para que alguém seja convidada a assistir um parto.
Convide pessoas que venham para dar um pouco de si mesmas; oferecer apoio afetivo, cuidar das outras crianças, cozinhar para todos os presentes, fazer massagens, etc.

As pessoas que são apenas observadoras do trabalho de parto acabam por achar o tempo muito longo e por se transformarem eles mesmos em uma presença desagradável.

Se um convidado acha que todos os partos deveriam ter lugar no hospital, se ele tem medo, seu medo vai de forma imperceptível se espalhar por todo o ambiente e atrapalhar o processo de parto. A energia da mãe e do pai está tão concentrada no trabalho que eles podem não perceber o que está acontecendo em relação aos convidados. Se alguma pessoa presente em casa começa a ficar inquieta, essa pessoa deve falar com a parteira ou o médico sobre os motivos de sua inquietação. A parteira poderá ajudá-la a ser útil e somente o fato de estar ocupada acalmará a sua inquietude. Não convide alguém que vem apenas para tentar superar seus medos e suas más lembranças. Que ele venha em primeiro lugar para auxiliar. A presença dele durante o parto poderá fortuitamente ter o efeito secundário de curar seus medos, mas esse nunca deve ser o seu primeiro objetivo.

No começo do trabalho, a mulher aprende a se abandonar às suas contrações, atravessando transformações profundas que a tornam extremamente vulnerável. Os olhares dos outros, mesmo se são seus amigos, podem mantê-la em um estado de consciência (dela mesma) que pode atrapalhar esse abandono. Este fato pode acontecer em um quarto cheio de pessoas que permanecem "em estado de alerta" em relação ao desencadeamento do parto. É o mesmo caso de um fotógrafo que focaliza suas lentes muito próximas do desenrolar de um acontecimento. Nesse momento uma boa idéia é a de solicitar a todos os presentes que deixem a sala e voltem depois de uma ou duas horas quando forem chamados. Quando o trabalho já estiver bem deslanchado, e a mãe mais à vontade, as visitas poderão retornar sem problemas.

Muitos casais organizam um encontro entre as pessoas que gostariam de estar presentes no parto. É uma idéia excelente. Permite esclarecer as expectativas de cada um e a parteira ou o médico podem responder às questões e a função que cada um pode desempenhar e o casal exprimir o que gostaria de criar como atmosfera no ritual de acolhida do bebê.

Se você pretende convidar sua mãe ou a mãe de seu companheiro tenha consciência que as experiências de parto das avós são muito diferentes das experiências das filhas. As expectativas das avós também eram diferentes. A gravidez pode acentuar alguns aspectos das relações entre você e sua mãe no decorrer de sua vida.
É muito freqüente a parteira observar a mulher mudar completamente de atitude e consequentemente, mudar a sua maneira de "viver" as contrações do parto no momento em que sua mãe entra no quarto e exclama: "Minha pobre filhinha". Exatamente, nesse mesmo momento, a "mulher" em trabalho de parto desaparece dando lugar a "Minha pobre filhinha"... e as "filhinhas" não podem dar à luz.

Se você ainda sente que está ligada à sua mãe nessa forma de ligação de dependência de uma filha indefesa precisando de proteção, você deveria, talvez, dar à luz nos braços de seu companheiro e transformar-se com ele numa verdadeira mulher. Em muitos partos a presença da mãe transformou o acontecimento em uma maravilhosa ocasião de aproximação e de capacidade de dar a vida.

É prudente advertir os convidados que você poderá mudar de idéia na última hora. Você não deve ter medo de ser "mal educada" ou decepcionar alguém se você mudar de idéia! Se o seu trabalho começa com contrações muito próximas umas das outras, ou com vômitos, você provavelmente não vai querer ver ninguém. Qualquer que seja o motivo, dê a você mesma essa liberdade para decidir quando o trabalho começar. Sem estar presente durante o parto, alguém pode chegar nos instantes que seguem ao nascimento, enquanto o bebê está ainda sobre você, acordado e feliz. Recomende que todos andem na ponta dos pés! A atmosfera de uma casa onde o bebê acaba de nascer é tão vibrante!


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